CRACK É A DROGA QUE MAIS FAZ VÍTIMAS EM MINAS GERAIS

CRÉDITO: JEFFERSON VELOSO

O crack é a droga mais consumida em Minas Gerais . É o que atesta o Centro de Referência Estadual em Álcool e outras Drogas (Cread). Pelo menos 58% dos 3.136 atendimentos oferecidos pela instituição no ano passado foram destinados aos pacientes que tentavam se livrar do vício desse entorpecente.

A informação é de Sandra Franco, assistente social do Cread. Ela explicou que as outras drogas que mais demandam atendimento na instituição são lícitas. Em 2011, 1.675 pessoas solicitaram tratamento contra o tabaco e 1671 contra o álcool.

Sandra explica o motivo de o crack ser a droga mais utilizada em Minas Gerais.“O crack é uma das drogas mais baratas e de fácil acesso, segundo depoimentos das pessoas que nos procuram no Cread, em relação às outras drogas”.

Umas das características dos viciados, relatado pela assistente social, é a mentira, que deve ser avaliada caso a caso. “Os usuários do crack são agressivos no momento da fissura, quando eles necessitam de fazer o uso da droga”, declarou.

Em relação à queda no atendimento do Cread em 2011, está relacionado ao período eleitoral de 2010, por não ter sido possível fazer a divulgação do serviço realizado pela instituição. Desta forma ocorreu a queda no atendimento. Nos ano de 2009 foram 12.271 atendidos, já em 2010, 10.728 procuraram ajuda no Centro.

PERFIL

Para entender mais sobre o perfil dos usuários de droga em Minas Gerais, o Cread fez uma pesquisa entre seus pacientes. O estudo constatou, segundo Sandra Franco, que o maior número de dependentes químicos de Minas Gerais são homens, entre 25 a39 anos, solteiros, católicos, desempregados e que possuem apenas o ensino fundamental incompleto. Em Belo Horizonte, o maior número de usuários é encontrado na região central.

Segundo Sandra, o Cread oferece orientação aos usuários por meio de assistentes sociais, psicólogos e estagiários. O paciente, no entanto, não precisa marcar horário para receber atendimento. “Mas todo encaminhamento depende da vontade do usuário. Fazemos o que podemos para ajudar a amenizar este grande mal que é a droga”, afirmou.

CRIMINALIDADE MARCA VIDA DE USUÁRIOS

 

CRÉDITO: EMERSON PEREIRA

CRÉDITO: EMERSON PEREIRA

Usuário de maconha há 15 anos, um usuário que se identificou apenas como Naier contou que chegou a se envolver em crimes para não largar o vício. “Fui demitido do meu trabalho devido a atrasos e faltas. Depois disso, uma das alternativas que adotei foi roubar objetos de valor”, declarou o jovem.

Mas o problema com as drogas e o crime foi piorando cada vez mais, principalmente, depois que conheceu a cocaína e o crack. “Passei a participar com outros usuários de roubos. Fui preso e internado em casa de recuperação, mas o problema não muda”, disse.

Gustavo Luiz, de 31 anos, é morador do bairro Santo André, em Belo Horizonte. Ele também conheceu a droga aos 15 anos. Desde então vem buscando, em êxito, formas de largar o vício. Assim, como Naier, Gustavo também praticou crimes, sendo preso, por duas vezes, por assaltar taxistas, em Ipatinga, no Vale do Aço.

Arrependido, Gustavo não esconde que teria outra vida se pudesse voltar atrás. “Tenho fé em poder um dia sair dessa vida. Falo pra qualquer jovem não entrar nessa roubada. Se pudesse voltar atrás, faria tudo para não ter entrado nessa onda”, afirmou.

Wilson Sideral

Wilson Sideral

A droga também faz vítimas entre os famosos. O músico Wilson Sideral é um desses exemplos. Em evento promovido pela Assembleia Legislativa contra as drogas, o cantor contou ter se envolvido com entorpecentes em sua adolescência. Ele só conseguiu abandonar o vício com a ajuda da música e de sua família.

“Para você que procura sair deste vício é muito importante ter fé e, principalmente, o apoio dos familiares. Há mais de 15 anos, não coloco nenhum tipo de droga em minha vida. Acredite em você! Dessa forma, tenho certeza que você vai conseguir dar a volta por cima”, afirmou.

Reportagem:
Jefferson Veloso
Emerson Pereira